Projeto contemplado pelo edital RespirArte (Funarte) 

Observada a tendência de que tudo deva gerar imagem, a proposta em vigor pleiteia outros espaços sensoriais para se pensar a ampliação da plateia. Se tudo realmente for a produção de videos com imagens e mais imagens e mais efeitos e mais efeitos, qual seria, por exemplo, o lugar do “cego” nessa plateia em casa? Portanto, a dança que aparece (sem necessariamente ser vista) sugere aguçar duas expressões tão importantes quanto a visão: a escuta e o imaginar. Por meio de texto gravado que narra a cena inaugural, considerada como meu insight metodológico-criativo*, somos levados a múltiplas leituras, abarcando assim outras interpretações e horizontalizando o acesso à informação e o conhecimento. Em nosso caso, poder-se-ia especular que tal experiência estética perfaz a relação entre as novelas de rádio e os espetáculos no palco. Mas agora, numa só: ouve-se dança. Não satisfeito, tem-se a interpretação em libras. Ainda maior será a plateia: todo o mundo pode ser relido e reescrito. O sensível é o primeiro passo da acessibilidade.

*trata-se da minha primeira aula dentro do cvi-Macaé em 1999, a qual está disposta no livro “Café com leite: a inclusão como ato perverso e a desobediência dos corpos-ruínas”.

Ficha técnica:
Concepção, direção e atuação: Paulo Emílio Azevedo 
Edição: Filipe Itagiba 
Libras: Ivan Finamore 

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